quarta-feira, 29 de julho de 2015

Entrevista Corpse Garden



Conhecer cada faceta do Death Metal. É essa a impressão que estes costa-riquenhos do Corpse Garden passam em seu segundo álbum “Entheogen”. Formado atualmente por Felipe Tencio (vocal), Federico Gutierrez e Esteban Sancho (guitarras), Carlos Venegas (baixo) e Erick Mejia (bateria), a banda consegue colocar tudo o que falta na maioria dos grupos do estilo em sua sonoridade. Conversamos com o baixista Carlos Venegas que, detalhadamente, falou do novo trabalho e outros assuntos que acercam a banda, além da cena de seu país.

Como foi o processo de composição de “Entheogen”. Enfim, no que vocês mudaram na forma de compor em relação ao lançamento anterior?
Carlos Venegas: A composição e produção do nosso novo álbum "Entheogen" foi um processo muito longo e árduo que começou aproximadamente no primeiro semestre de 2012, de modo que o processo de escrita durou só um ano e meio, além de mais seis meses de gravação, mixagem e dos últimos retoques para o trabalho final. A composição geral deste álbum foi muito diferente desta vez, porque todos nós estivemos fortemente envolvidos no desenvolvimento deste novo som e, ao mesmo tempo, tivemos clareza sobre as ideias musicais e o conceito que queríamos retratar. Também utilizamos vários elementos que não estavam presentes no debut, como sintetizadores, drones, delays, ebows, só para citar alguns; tudo a fim de melhorar as atmosferas e texturas das faixas.


Aliás, qual a principal diferença a banda vê entre o novo álbum e o primeiro disco “Burnt by the Light” (2012)?
Carlos: Muitas músicas e a estética geral do primeiro álbum vieram de ideias de ex-membros da banda, então naturalmente neste novo álbum, com todas as mudanças de line-up ao longo das experiências, o desenvolvimento de uma nova identidade e do desejo contínuo para algo permeou a criativamente diferente em "Entheogen" na sua totalidade. O novo álbum é mais escuro, introspectivo e um conjunto mais coeso.


Voltando ao novo disco, “Entheogen” traz uma sonoridade ao mesmo tempo brutal, técnica e com ‘feeling’ (o que é raro de se ver nas bandas atuais do estilo). Isso é algo que vocês pensaram ou fluiu naturalmente?
Carlos: Sim, desde o início queríamos seguir uma abordagem mais pessoal para este álbum. Eu acho que várias situações individuais no momento, e o forte envolvimento com as idéias de álbum e conceito fizeram de "Entheogen" um sincero esforço.


Aliás, parece que as bandas hoje em dia estão tentando impor mais sentimento a esse tipo de música. Coisa que não atingia o estilo. Vocês concordam?
Carlos: Na verdade, eu acho que vários entusiastas da música extrema exigem muito mais do que apenas uma boa técnica e bons valores de produção. Há um monte de bandas lá fora fazendo a diferença com obras originais e autênticas de arte e expressão, que se enquadre não necessariamente com as "normas" atuais das grandes gravadoras, mas, no entanto irão transcender. Pessoalmente, penso que a técnica é uma grande parte de qualquer interpretação musical, mas sem nada mais substancial para apoiá-la, isso não significa nada; É como ter uma ferramenta, sem saber sua verdadeira finalidade e, consequentemente, não atingir qualquer transcendência com ela.


Outro fator importante notado em “Entheogen” é que a banda, mesmo explorando bem as composições e destilando técnica, consegue soar objetiva. Podem falar sobre este aspecto do disco?
Carlos: Muito obrigado pelo elogio. Como eu disse antes, eu acho que sabendo de antemão o que queríamos alcançar musicalmente, conceitualmente e esteticamente gerou grande parte desta objetividade. Muitos vieram a partir de uma busca de conhecimentos para conseguir a formação de uma ideia; o que nós pensamos foi uma busca interminável da matéria prima e, consequentemente, da obra prima.


A produção é outro grande trunfo. Apesar de moderna, não soa tão artificial como os padrões de hoje. Falem-nos um pouco desse processo.
Carlos: Queríamos que a produção permitisse a diferenciação fonética dos instrumentos e sons em todos os momentos. Este foi um verdadeiro desafio, porque ela pode ficar um pouco complicada se você tem um monte de diferentes elementos como nós utilizamos desta vez. Nosso produtor Juan Pablo Calvo fez um grande trabalho de mixagem do álbum e exigiu o melhor de nossas habilidades nas sessões de gravação. Esta última parte foi crucial, porque nós tentamos evitar qualquer edição maior, assim que soamos natural o quanto pudemos, com nossas interpretações, essa foi uma grande preocupação desde o início do processo.


Ainda comentando o disco, a banda impõe um pouco de melodia às músicas, mas mesmo assim um clima sombrio ainda permeia as mesmas. Isso prova que a banda consegue incluir melodia, mas não perder a essência do Death Metal?
Carlos: É ótimo que você pôde apreciar esta dicotomia, porque, de fato buscamos uma atmosfera geral que se casa bem com o conceito e, consequentemente, com a essência do álbum. Para nós foi muito importante que esses elementos melódicos, como solos e arranjos, não impedissem o teor geral do álbum. Pessoalmente, penso que a inclusão da melodia no Death Metal não ameaça a essência do estilo; apenas ouça as gravações clássicas de Death Metal, de uma forma ou de outra, certamente há uma melodia em uma série de momentos mais memoráveis de bandas como Death, Gorguts, Pestilence, só para citar alguns.


E como está a repercussão de “Entheogen” até então?
Carlos: A repercussão inicial de “Entheogen” tem sido grande, na verdade, tanto para o público em geral quanto para os meios de comunicação especializados em todo o mundo.


O público brasileiro é muito fã de Death Metal. Vocês pretendem divulgar ou até tocarem por aqui algum dia?
Carlos: Certamente ficaria extasiado em tocar para o público brasileiro se pudéssemos um dia.


E como está a cena na Costa Rica? Falem-nos um pouco sobre o Metal de seu país, inclusive indicando algumas bandas.
Carlos: Atualmente tem havido um considerável incremento das formas extremas de música e um monte de novidades no interior do país; graças em parte para as possibilidades crescentes de gravar e produzir material de qualidade. Bandas como Paganus Doctrina, Insepulto, Pseudostratified Epithelium, Inhuman, Advent of Bedlam, Alastor Sanguinary Embryo, Catarsis Incarne lançaram bons materiais nos últimos anos. Uma grande desvantagem no estado real da "cena" é a preocupação com o atual apoio a eventos de Metal; tem havido uma deterioração considerável de apoio a eventos nacionais e, consequentemente, as possibilidades de preparar shows de qualidade, sem enfrentar perdas financeiras; Também por causa disso, tem havido uma escassez de locais disponíveis para shows de Metal.


Além de divulgar “Entheogen”, quais os planos da banda para este segundo semestre de 2015?
Carlos: Queremos nos concentrar em possíveis datas para turnês na América Central e do Sul, além do México. Também gostaríamos de tocar na Europa e Estados Unidos para divulgar “Entheogen” se tivermos possibilidade.


Muito obrigado pela entrevista, saudações à Costa Rica. Podem deixar uma mensagem aos brasileiros.
Carlos: Muito obrigado por nos ceder espaço em seu webzine. Esperamos que o público brasileiro tenha o gostinho de ouvir “Entheogen”, estamos ansiosos em poder tocar pra vocês! Apoiem as bandas locais! Hail Latin American Metal!



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